sábado, 22 de setembro de 2007

Estética do Sonho




Estamos nesse mundo e nem sabemos porque. Temos uma missão a cumprir nesta vida mas só descobriremos quando morrermos. Podemos mudar o mundo? Acredito que se cada um fizer um pouco, muito será feito. Se você não sabe por onde começar, comece pela cultura. Espero que Glauber Rocha te inspire:

"Na medida que a desrazão planeja a revolução, a razão planeja a repressão.O sonho é o único direito que não se pode proibir."

"O sentimento de colaboração humana renova e revela uma nova categoria de indivíduo, mas é necessário para isso que a velha cultura seja revolucionada."

Trechos retirados do texto "Estética do Sonho" do revolucionário cieneasta brasileiro Glauber Rocha.
www.tempoglauber.com.br

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Até quando?




Todos sabemos a emergência cultural que vive o nosso Brasil, e a melhor forma de superar tal não é ignorando questões que parecem menores. A defesa dos espaços culturais, de produção e difusão de nossa cultura e de uma indústria cinematográfica com conteúdo não devem ser os últimos pontos discutidos pelo Estado e pelo povo.
Com certeza, quem gosta ou trabalha com audiovisual sabe que, na França, cinema é uma questão de estado. A França produz cinema e o governo protege, defendendo com todo furor sua cultura. E não é meramente uma declaração, nem uma formalidade: para ela, proteger sua indústria e identidade é vital!
Não apenas os franceses são os que defendem uma política agressiva de recuperação de mercado, que se propõem a subsidiar o mesmo. Na Espanha, considera-se que a TV deve participar da produção e da difusão do cinema nacional, não como competidora da produção independente e sim como incentivadora e inversora de capital financeiro para realizar as produções.
Após exemplificar atitudes de primeiro mundo, volto a falar de nosso país, onde ainda falta vigor político que decida abordar a defesa e a promoção da indústria audiovisual e cultural como questão de Estado. O governo tem criado editais e leis de incentivo à cultura, mas ainda é pouco. Precisamos e queremos mais.
O perigo de não tê-lo significa o tão simples fato de nossas expressões culturais serem literalmente digeridas no mercado, o que já vem acontecendo. Não se pode esquecer que elas, na preocupação de serem autêntica, põem em manifesto os conflitos e a vida do homem e da mulher. Este homem e esta mulher esquecidos pelo conjunto de políticas governamentais e, muitas vezes, ignorados por nós mesmos!
Não escrevo este artigo para as pessoas do meio cultural, e sim a todos trabalhadores brasileiros que devem exigir o direito de “enxergar-se” e, mais importante ainda, devem gostar e querer se enxergar.
Meu objetivo aqui, como produtora cultural, é questionar como vemos e produzimos nossa cultura. Este texto é apenas um breve início. Encerro este artigo citando uma frase do cineasta brasileiro Sérgio Sanz, durante o 35º Festival Latino-Americano de Cinema de Gramado e que exprime o meu grande questionamento: “Quando deixaremos de querer ser americanos, para sermos latino-americanos?”

domingo, 2 de setembro de 2007

É filme brasileiro, tá?




Recentemente, recebi um e-mail de um cineasta que comentava ter lido no Jornal Extra, do Rio de Janeiro, a seguinte nota: “Uma garota queria ir ao cinema e se dirigiu ao Cinemark Dowtown, na Barra. Como o filme que procurava esgotou-se, resolveu assistir ao longa de Jorge Furtado "Saneamento Básico”. Assim que pediu os ingressos, ouviu da bilheteira: "É filme brasileiro, tá?" Sem entender a frase, resolveu perguntar o porque de tal alerta. Segundo a garota, a simpática senhora da bilheteria afirmou que essa era uma recomendação da direção do cinema. Ou seja: antes de deixar o espectador fazer a “besteira" de ver um filme nacional, o multiplex teria como regra informar ao cliente a procedência do que vai assistir.
Confesso que após ter lido este e-mail, fiquei chocada e mais indignada com a situação que vive o cinema nacional. É triste ver que o pouco espaço que ainda temos para exibir o que produzimos continua sendo discrimado. Mas o curioso é que desta vez não foi o espectador que minimizou o cinema brasileiro, e sim a própria empresa exibidora do filme, neste ato representada pela bilheteira que indiretamente concordava com as ordens que recebera.
Também me chamou a atenção por essa situação ter ocorrido no Cinemark, que é a única rede de multiplex no Brasil que dedica um dia por ano (primeira segunda-feira do mês de novembro) para o cinema brasileiro. Ou seja, esta “homenagem” que eles fazem ao cinema nacional torna-se descaso e preconceito no restante dos 364 dias do ano. Será que os argentinos, ou mexicanos, chilenos, japoneses, italianos ouvem isso quando vão assistir a um filme feito em seu país?
Tenho que concordar com o renomado cineasta argentino Paul Leduc que, recentemente, filmou cenas do seu último longa-metragem (O Cobrador) no país: “ O Brasil é um país difícil”. Difícil para produzir, financiar, distribuir, exibir e conquistar público.
Vivemos em um caos, seja ele aéreo, econômico, da saúde, moral ou ético e, no meio disso tudo, ainda temos que ouvir uma senhora nascida neste país alertar que talvez não seja a escolha certa enxergar nossa realidade ( porque Saneamento Básico é um filme que critica de maneira irônica muita coisa no nosso país) na tela do cinema.